quarta-feira, 30 de abril de 2008

A arte de todos nós


Falar da arte é algo difícil par um artista, dizem que arte não se fala, ou melhor não se escreve, quem sabe, não se diz. Falar de arte já é coisa de artista, nada exige mais de um ser humano que a arte. É um momento mágico na vida de uma pessoa, ouvir uma canção, ler um livro, assistir um filme, ou simplesmente contemplar a vida de uma forma divina.
Toda história da humanidade é contada de maneira teatral, seja ela qual for. O mundo é um moinho, que vai triturar os nossos sonhos tão mesquinhos, e transformar as nossas ilusôes em pó. ( Cartola um grande compositor carioca disse isso) essa frase me acompanha já faz muito tempo, e conta minha história.
Então quando você se olhar no espelho, diga assim( Eu já nasci um artista, porque viver é uma arte).


Tem gente que passa a vida inteira
travando a inútil luta com os galhos
sem saber que é lá no tronco
que tá o coringa do baralho
( Raul Seixa in As Aventuras de Raul Seixas na cidade thor)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A bela e a Fera

Pintura A Bela e a Fera de Rodrigo Duarte


Muitas vezes, procuramos inspiração para escrever, compor, sorrir, ou até escutar uma boa música. Sempre que eu tinha um show marcado, ou simplesmente ter que cantar num Barzinho, sempre procurei me inspirar para dar o melhor de mim. Muitos artistas procuram algo que faça o sangue ferver nas veias, mas eu, bem, eu ja nasci um maluco beleza, não precisa muito pra me deixar pronto, basta uns goles e o sorriso amado, já to beleza.
Uma vez eu tava em Recife no meu apartamento de frente para o mar, tocando o velho Delvéchio, um violão das antigas, era um dia de sol, eu queria uma canção que me devolvesse a confiança, mas nada da música aparecer. Depois de alguns goles e uma vontade louca de compor, a música finalmente saiu. ( A bela e a Fera) uma música boa de cantar e tocar, eu gravei no cd (Sede de viver) Lá vai a letra para vocês, espero que gostem.


A bela e a Fera
Letra e música de Ney gomes


Você foi alimento pro meu coração
seu jeitinho de menina, um sorriso que fascina a minha ilusão,
Foi chegando de mansinho, me tratando com carinho, e eu tirando
os pés do chão.

Mas a história se repete, assim como anoitece, o fim
chegou pra mim,
veio a melancolia, o tédio, a ironia, sem lugar pra onde ir

Êta mundo maluco, quanto mais eu me pergunto
menos consigo entender,
A bela virou fera, e eu na fila de espera, esperando amanhecer.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

¨Rock´N´Roll All Nite¨

foto do gênio John Bonham


Nos bons tempos do velho e bom rock n roll, eu andava pelas soleiras dos pampas gauchos, fazendo o que o diabo gosta, muito rock e muita zueira. Tem histórias e história boas de contar.
Uma vez na grande Porto Alegre na cidade de São Leopoldo no vale dos sinos, fomos convidados para tocar num clube onde tava acontecendo a escolha da miss. Não sei dizer bem se era a miss da cidade ou outra qualquer. Isso não importa agora. Mas que as gurias eram lindas isso não se pode negar. Difícil mesmo era tentar manter a concentração para o show, mas como fazer isso. Nossa cada uma mais linda que a outra! Você sabe né, mulher Gaúcha, é algo assim meio que não sei o que de qualquer coisa. Vamos ao que realmente eu quero contar. Eu acho que a produção ficou mais preocupada com o desfile que esqueceu uns detalhes da parte técnica, que só apareceu, no show. Você sabe aquela hora em que a banda entra para tocar, é muito legal, o público desse tipo de evento é especial, gostam de tudo, e quando o assunto é rock, melhor ainda.
Depois da terceira ou quarta música, algo de estranho no ar, derrepente faltou retorno pra nós no palco, mas lá na frente tudo beleza, imagine você cantar e tocar sem retorno, é algo quase mágico, mas como nosso assunto era música e não magia, aproveitamos a passarela do desfile e corremos pra frente das caixas que mandava o som para platéia, coitado do nosso baterista, ficou enloquecido, sorte é que todo baterista é doido, pelo menos todos que eu conheço sim. No final tudo foi resolvido e acabou tudo bem. O que eu quero dizer pra vocês, é que a vontade de tocar as vezes supera as dificuldades, eu já vi muita gente metida a besta, parar de tocar por coisa bem menor. Uma vez john Bonham, baterista do Led Zeppelin, perdeu as baquetas no meio de uma música, então ele começou a bater com as mãos. Que saudade do Bonham.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Meus Olhos


Quando morava em Florianópolis (sc) ganhei de alguém muito especial, um livro, ou melhor, 3 livros. Um em particular me prendeu mais. Um rio invisível de Pablo Neruda. Sempre fui amarrado em poemas, contos, histórias que fluem da imaginação de um escritor. Tudo que sempre consegui fazer, foi contar tudo em poucas linhas, por isso sou compositor. Nesse livro desse mágico da literatura mundial, tem um poema que era tudo que eu queria fazer, então resolvi musicar, usei os versos de Neruda e fiz uma canção. Meus Olhos, ainda inédita.
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Quisera que meus olhos fossem duros e frios
e que ferissem fundo dentro do coração
e que nada expressassem dos meus sonhos vazios
fosse esperança, ou ilusão


Indecifráveis sempre a todos os profanos
do fundo e suave azul da tranqüila safira
Incapazes de ver os pesares humanos
ou alegria do viver


No entanto estes meus olhos são cândidos e tristes
não como eu os desejo nem como devem ser
é que estes olhos meus é o coração que os veste
e seu desgosto faz-los ver.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Flor de Minas

Música do meu último cd

letra e musica de Ney Gomes


Eu penso na flor
eu piso na flor
eu vivo em Minas Gerais

Eu só te vi uma vez
e o que você fez
é coisa que não se faz

Meu mundo é tão sofrido
e eu vivo escondido
a procura de paz

Eu só tenho um caminho
é caminhar sózinho
curtindo a minha dor
olhando pro chão
acalmar meu coração
e não pisar na flor.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Eu vou contar pra vocês como as tribos podem sempre se fundir, não importando a época e os estilos.


No inicio dos anos 80, o Rock nacional ganhava força, e existia uma explosão de bandas em todo Brasil, naquela época eu tava em Florianópolis trabalhando o meu novo disco, lá eu juntei uma rapaziada da banda PACTO SOCIAL. Estávamos fazendo um show no Chareal, um a espécie de bar e casa de show, coisa muito comum. Um dia chegou um cidadão chamado Zé Grande (ZG Produções) e nos fez um convite que para nós, ou pra rapaziada da banda ficou um pouco estranho, ele nos convidou pra abrir o Show da dupla sertaneja, Chitalzinho e Xororó. Êpa! Isso é sertanejo e nos somos rock´roll. Isso não vai pegar bem, dizia um. Acho melhor o senhor procura alguém do mesmo estilo, falou o outro. Então o Sr. ZG rapidamente acalmou a rapaziada.
Eu já fiz isso outras vezes e posso lhes garantir que tudo vai correr bem, é só vocês tocarem umas baladas e manter o público em movimento, não é tão difícil, eu já vi vocês tocando e garanto que vai dar certo. Tudo ficou bem quando ele falou do cachê e quem iria colocar o som, era tudo que agente queria tocar num estádio com um público de mais de 16 mil pessoas. Naquela noite eu pra variar tava todo de preto e muito nervoso, a banda tava tão tensa que parecia mais um paciente na cadeira do dentista, ficamos ali nos bastidores esperando a nossa vez. De repente aquela voz grave anuncia a banda. Que beleza! Tudo certinho o som perfeito, bateria, baixo, guitarra e voz, isso sim é que é show.
Fizemos o combinado, tome balada, só que as nossas almas roqueiras falaram mais alto, e tome rock, e tome rock e a platéia gostando, pulando e gritando. Então nesse dia nos descobrimos que música é musica não importa o estilo, só precisa ser feita com respeito, com letra, não fazer o que tão fazendo hoje aqui no Nordeste, tem gente acabando com o legado de Luiz Gonzaga, um cara que batalhou tanto pra universalizar o forró. Então vem um monte de gente que usa esse ritmo frenético e sensual que é o forró para banalizar num amontoado de letras maliciosas e uma interpretarão maliciosa. Eu sou um cantor de rock, MPB e adoro Blues, mas sou Nordestino e me dói ter que ligar o rádio e só ouvir essa baixaria. Se isso é arte eu quero ser o avesso do avesso do avesso. Viva! viva! Os compositores de boa vontade.