terça-feira, 6 de maio de 2008

Rascunhando a vida.


Uma noite dessas, tava eu sozinho com meus rascunhos, velhas letras de músicas, dessas que você escreve e deixa pra depois, só que esse depois nunca chega. Nas minhas velhas fitas k7 encontrei músicas antigas, dessas que você faz e deixa pra depois, só que esse depois nunca chega, e assim lá vamos nós, seguindo com outros projetos, outras letras e músicas que sempre ficam pra depois. Semana passada um velho conhecido meu se estivesse vivo faria 50 anos, nossa! será que farei 50 ainda vivo. Cazuza! um desses poetas loucos, maravilhosos que veio ao mundo e não perdeu a viagem, deixou sua impressão digital gravada na terra. Quantos sonhos desfeitos, quantas alegrias perdidas, levada por essa amante fria de lábios roxos como crizantemos, de olhar que ninguém quer encarar.
A morte tem feito aquilo que se deve fazer, cumprir o seu papel, deixar chorando os versos que ficaram pra depois. Compor uma canção, escrever uma canção é tão desgastante que nos deixa em um estado de depressão e angustia profunda, mas é a única força real que mantem um músico vivo, vivo pra arte, e não para o mundo no plano original. Todo cantor, todo compositor sonha em fazer uma música que ficara para sempre, até depois da sua morte, muitos já conseguiram isso, e muitos ainda estão tentando.
Eu, ainda procuro nas noites frias, nas noites vazias, no silêncio, onde eu possa conversar com essas letras e músicas que ficaram pra depois.

2 comentários:

Unknown disse...

Belo texto e confesso que eu também já deixei várias coisas pra depois e esse depois como você fala nunca chegou e assim, sei que por isso vivi menos. Beijos poeta da música.

Letras & Músicas disse...

neygomes@Seus comentários sempre deixando algo para depois, fico na espectativa do nosso proximo encontro. beijos.